Salário
sem tributos pode acelerar economia
Economista afirma que a simples retirada de impostos do holerite injetará
dinheiro no consumo e capitalizará empresas
A desoneração de tributos federais
da ordem de 45% no holerite de cada empregado injetaria uma quantia
considerável de dinheiro em toda economia brasileira. Esta
é a proposta do professor da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (Puc-RJ), José Márcio
Camargo. Empresários brasileiros gastam cerca de R$ 600 bilhões
por ano para saldar a folha de pagamento. Embora não tenha
feito cálculos, o estudioso exemplifica ao dizer que apenas
10% desta quantia, que não só é composta de tributos,
injetaria R$ 60 bilhões no consumo, no prazo de um mês.
O pesquisador da Puc-RJ criticou a forma como o governo federal tem
enfrentado a crise econômica no mercado interno. Para ele, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria parar de salvar
a economia de maneira setorizada, desonerando impostos de maneira
localizada. Camargo criticou a diminuição do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) para as montadoras de veículos;
lamentou que o governo tenha comprado um navio cargueiro da Embraer
para manter o emprego de seus funcionários demitidos; e anunciou
a construção de casas populares, com redução
de impostos para as empresas de construção civil.
Camargo classificou estas medidas de inofensivas para o atual momento
econômico. ‘‘O governo deveria ter uma ação mais
geral na economia’’, opinou.
Segundo ele, alguns setores empresariais e sindicais conseguem essas
desonerações porque têm um maior poder de barganha
política e economica. ‘‘A Fiesp, CUT e Força Sindical
têm seus interesses atendidos porque são organizados’’,
resume.
Ele explicou que ao reduzir os impostos federais da folha de pagamento,
automaticamente, diminui o custo para as empresas e há um aumento
dos salários para os trabalhadores. Em ambos os casos, esclareceu
o economista, melhores salários aumentam o consumo, ao mesmo
tempo que o aumento da demanda gera mais produção e
emprego, ainda mais quando o empresário paga menos impostos.
Sobre os tributos e encargos que seriam retirados, ele cita Contribuição
da Previdência Social, Sistema S, salário-educação
entre outros. Camargo esclareceu que benefícios como férias
e 13º salário, por exemplo, são custos da empresa
e não impostos.
Lei
Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, governos não podem retirar
tributos, sem que tenham outra fonte de renda para repor os impostos
não cobrados no holerite. Sobre este aspecto, o professor declarou
que o dinheiro viria em parte destas desonerações setoriais
concedidas e de outras iniciativas, como não pagar o reajuste
salarial do funcionalismo para 2009, acordado em R$ 29 bilhões.
Fonte: CNTI
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