AGÊNCIA CÂMARA, 23 de setembro de 2008
Câmara avalia mudanças no período da licença-paternidade
A Câmara deve analisar nos próximos meses mudanças na legislação
relativa ao direito à licença-paternidade. Há propostas que
ampliam o período atual, que é de 5 dias, para 10, 15 e até
30 dias. Atualmente, a Constituição garante 5 dias de licença
para os homens e 120 para as mulheres.
No caso de adoção, a licença-maternidade é de 120 dias para
crianças de até 1 ano; de 60 dias, até 4 anos; e de 30 dias,
até 8 anos. Já a licença-paternidade para pai adotivo não
tem regulamentação, mas a Justiça e acordos coletivos entre
empresas e trabalhadores costumam conceder os 5 dias nos casos
de adoção de crianças até 8 anos.
Campanha
Na última quarta-feira (17), a Rede Brasileira de Homens
pela Eqüidade de Gênero lançou no Rio de Janeiro a campanha
"Dá licença, eu sou pai!", em defesa do Projeto
de Lei 2430/07, da deputada Maria do Rosário (PT-RS), que
estende a licença-paternidade de 5 para 30 dias. Além dessa
proposta, tramitam na Câmara outros projetos para aumentar
esse período.
Em julho, o Senado aprovou proposta (PL 3935/08) da senadora
Patrícia Saboya (PDT-CE) que fixa em 15 dias o prazo para
a licença. O projeto agora será analisado pela Câmara. Entre
as propostas dos deputados, está o PL 4028/08, da deputada
Rita Camata (PMDB-ES), que cria uma licença-paternidade opcional
de 30 dias, quando a empresa em que a mãe trabalha negar a
prorrogação da licença-maternidade, prevista na lei 11.770/08,
aprovada pelo Congresso no último mês de agosto. Essa lei
ampliou a licença-maternidade de 120 para 180 dias, por meio
da concessão de incentivo fiscal ao empregador.
Camata, que foi relatora do projeto de lei que originou a
lei, explica que só não inclui a medida para os pais em seu
relatório porque isso poderia atrasar a tramitação da proposta.
Se houvesse alterações, o projeto retornaria ao Senado. "Amamentar
é fundamental, temos essa preocupação sim, mas não pode ficar
só nos ombros das mães o papel de cuidar dos filhos, é preciso
uma parceria e um compromisso entre pai e mãe", ressalta.
O deputado Alceni Guerra (DEM-PR), que foi autor da emenda
durante a Constituinte que deu origem à licença-paternidade,
é favorável à extensão facultativa da licença para os pais,
como foi proposto por Rita Camata. "Para evitar reação
de empresas, para evitar vetos do presidente, essa é a opção
agora. Mais tarde, será inevitável que a licença-paternidade
seja estendida, até como estímulo para o aumento da taxa de
natalidade, que tem caído muito", disse. A taxa de natalidade
no Brasil já atingiu a média de 1,8 filho por mulher - nível
que era esperado pelas projeções do IBGE para 2043. Esse índice,
abaixo do nível de reposição da população, é comparável a
de países desenvolvidos.
Entidades representativas do setor produtivo, como a Confederação
Nacional da Indústria (CNI), já se manifestaram, no entanto,
contra a ampliação de qualquer licença.
Outras propostas
Também estão em análise na Câmara o Projeto de Lei 2141/07,
do deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), que aumenta o período
da licença-paternidade de 5 para 10 dias; e as PECs 114/07,
do deputado Arnaldo Vianna (PDT-RJ), que concede estabilidade
no emprego ao pai durante a gravidez da mãe, quando seu salário
for a única fonte de renda da família; e 494/06, do Senado,
que estende o direito das licenças-maternidade e paternidade
obrigatórias aos pais adotivos.
Nenhum dos projetos que tramitam na Casa muda a forma de financiamento
da licença-paternidade. Atualmente ela é paga pelo próprio
empregador, enquanto a licença-maternidade é paga pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS).
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