Estudo
demonstra que trabalhador paga o equivalente a 40% da renda em
impostos
Este ano, o brasileiro vai trabalhar em média
147 dias, reservando cerca de 40% da sua renda somente para pagar
tributos, segundo apontou estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário (IBPT). Para o instituto, o número é um indicativo
de que a carga tributária no Brasil é excessiva, o que penaliza
os trabalhadores e o setor produtivo.
Segundo o diretor técnico do IBPT, João Eloi
Olenike, “a carga tributária alta compromete muito o desenvolvimento
do país”, porque “extrapola” os níveis de produção. “O ideal
seria uma tributação que acompanhasse a produção e que suprisse
as necessidades do governo sem que a população sofresse prejuízos”,
disse Olenike.
Além dos valores pagos, que significam quase
37% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas
produzidas no país, o modelo de tributação também é problemático,
segundo avaliação de Olenike. De acordo com ele, como a maior
parte dos impostos e contribuições incidem sobre a renda e o
consumo, o setor produtivo e as pessoas de menor renda são prejudicados.
Pelo estudo, as pessoas que ganham entre R$ 3.000 a R$ 10.000
pagam a maior carga de impostos, 42,62% da renda.
Tributos de consumo, como o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), fazem com que todos
as pessoas que comprarem determinado produto paguem a mesma alíquota
de imposto. Esse tipo de situação, explicou Olenike, gera uma
tributação regressiva, ou seja, é desfavorável para a pessoa
que recebe menos, por pagar proporcionalmente mais. Pelo estudo,
os tributos de consumo são cerca de 55% da carga tributária.
Esse tipo de tributo, encarece as mercadorias
e estimula crimes como a pirataria e a sonegação. “Por que existe
o CD pirata? Porque de 50% a 60% do valor do CD são tributos”,
relacionou o diretor técnico do IBPT.
Para Olenike, os tributos sobre patrimônio
deveriam ter participação mais expressiva no sistema tributário.
Segundo ele, esse tipo de tributação é mais justo, porque incide
sobre as pessoas que tiveram condições de adquirir bens. Atualmente,
os impostos sobre patrimônio, como o Imposto sobre a Propriedade
de Veículos Automotores (IPVA), representam aproximadamente 7%
da carga total.
O número de tributos diferentes também é um
problema, na avaliação de Olenike. De acordo com ele, os 61 impostos
e contribuições existentes causam complicações. Por isso, o ideal
seria uma simplificação, que reduzisse para sete ou oito o número
de tributos.
Ele ressaltou que existe uma previsão de simplificação
de impostos na proposta de Reforma Tributária, em tramitação
no Congresso. No entanto, para Olenike, a proposta não acaba
com a regressividade dos impostos ou reduz a carga tributária.
Fonte: Agência Brasil
|