A
explosão dos acidentes de trabalho!
Em 27 de julho é lembrado o Dia da Prevenção dos Acidentes
de Trabalho. Infelizmente, porém, não há o que comemorar no
mundo e no Brasil. Segundo dados da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), em média, cinco mil pessoas morrem por
dia em decorrência da negligência das empresas capitalistas
– que abusam na exploração e não investem na segurança nos
ambientes de trabalho. No Brasil, segundo o Instituto Nacional
de Seguridade Social (INSS), cerca de 500 mil trabalhadores
foram vítimas de acidentes laborais no ano passado, resultando
em 2.708 mortes.
Estes números sequer refletem a realidade.
O próprio INSS calcula que somente 20% dos casos são notificados
através da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT). Muitos
trabalhadores, temendo perder o emprego, evitam notificar
incidentes mais leves; já as empresas, preocupadas com sua
imagem e avarentas por lucros, preferem ocultar os acidentes;
e uma parte dos médicos do trabalho contribui para esta grave
omissão das informações, submetendo-se à lógica patronal.
Terceirização e informalidade
Os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais
tiveram um crescimento vertiginoso nos anos 90 devido ao tsunami
neoliberal, que precarizou ainda mais as condições de trabalho.
A chaga da terceirização e o aumento das horas extras, congeladas
pelo nefasto banco de horas, ocasionaram elevação sem precedentes
na história do número de acidentes. Com a explosão da informalidade,
no qual os trabalhadores não possuem qualquer direito trabalhista
ou acesso à previdência social, este drama passou a lembrar
as trágicas estatísticas de mortos e feridos nas guerras.
Na fase mais recente, com a tímida retomada
do crescimento econômico, as empresas passaram a exigir maior
produção. Além dos acidentes visíveis, o ritmo acelerado de
trabalho e o excesso de horas extras intensificaram o estresse
ocupacional, o que gerou novas doenças psicopatológicas, como
a depressão e a angústia, e patológicas, como úlceras, hipertensão
arterial e as lesões por esforço repetitivo e os distúrbios
osteomoleculares relacionados ao trabalho (LER-Dort). Até
agora, são poucas as ações efetivas dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário para superar este criminoso drama
social. Mesmo os sindicatos pouco se debruçam sobre este tema
crucial.
Um tema candente e estratégico
Entre as medidas positivas, mas brandas,
adotadas pelo governo do presidente Lula – ele próprio um
acidentado no trabalho – encontram-se a implantação da Rede
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast),
em 2003, e a realização da Conferência Nacional de Saúde do
Trabalhador, em 2005. Nela foi aprovada a integração entre
os ministérios da Saúde, Trabalho e da Previdência Social
e a criação de uma Política Nacional de Saúde e Segurança
no Trabalho, que visa superar a compartimentação das ações
governamentais no enfrentamento do problema.
A Federação dos Metalúrgicos da Bahia, que
dedicou seu segundo congresso ao tema e sempre priorizou o
assunto, considera que estas iniciativas foram positivas,
mas aquém da gravidade do problema. “Embora a conferência
tenha ajudado a despertar esse interessante debate, na prática
o que se verificou foi a formação de uma ‘colcha de retalhos’,
com cada instância preocupada em responder a partir do problema
da sua área de atuação”. Em síntese, o poder público não cumpre
o seu papel na fiscalização e na exigência de ambientes mais
seguros, e as empresas capitalistas continuam negligenciando
as condições de trabalho na busca de mais produtividade e
lucros.
Ao comemorar o Dia Nacional de Prevenção
dos Acidentes de Trabalho seria fundamental que o sindicalismo
intensificasse a pressão contra os acidentes e as doenças
ocupacionais. Entre outras reivindicações, os metalúrgicos
baianos listaram o fim da terceirização da perícia médica,
maior capacitação dos cipeiros sobre o tema e abertura de
postos de trabalho às vítimas de acidentes e doenças ocupacionais.
Sem perder a perspectiva do socialismo, como única forma de
superar a barbárie capitalista, também apontaram como bandeiras
imediatas a luta pela redução da jornada e pelo fim do entulho
regressivo imposto por FHC, como a terceirização e o banco
de horas.
Notícias CNTI.
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