Alerta
A bebida nunca é inocente
Após o contato com a mucosa da boca, o álcool se espalha por
todo o corpo e traz efeitos perigosos
Para
quem acha que consegue tomar uma cervejinha sem ter nenhum
efeito colateral, especialistas
fazem um alerta: em qualquer quantidade, o álcool pode ser
danoso ao corpo humano. Os efeitos se iniciam no primeiro
contato dentro da boca. Parte da substância começa a ser
absorvida pela mucosa do órgão. Dois minutos depois está
no cérebro.
Em um primeiro momento a parte frontal
do cérebro é acionada e a pessoa perde a capacidade de autocrítica
e controle dos impulsos. Essa etapa é a que mais atrai os
bebedores de plantão. Há uma sensação de relaxamento e alegria.
Mas as etapas seguintes mostram que esse estado não só é momentâneo como também
prejudicial. Com o passar do tempo, perde-se a capacidade
motora e os reflexos. Em seguida, a visão e a audição são
prejudicadas. Aí vem a intoxicação, o “porre” como é mais
conhecido. Da bebida, fica só a sensação de tristeza.
Efeitos colaterais
No cérebro o etanol, molécula do álcool,
vai direto ao lobo frontal. Lá age como catalisador e estimula
uma espécie de curtos-circuitos, as sinapses nervosas, que
liberam uma substância chamada dopamina, responsável pela
sensação de bem-estar no início da bebedeira. O psiquiatra
Luiz Renato Carazzai diz que o álcool não é o único responsável
por ativar a dopamina. “Há outras atividades que liberam
a substância sem os efeitos colaterais tão prejudiciais.
Fazer as atividades que mais dão prazer é uma das alternativas.
Quem gosta de cinema, vai ter dopamina liberada ao ir ver
um filme. O mesmo para quem gosta de danças ou ler. E fazer
esportes também é uma boa saída, já que atividades físicas
liberam em grandes quantidades substâncias que nos deixam
felizes”, explica.
Depois da ingestão, o álcool segue
para o estômago e para o intestino delgado até o fígado,
onde ocorre a desintoxicação. O corpo demora para processar
uma dose de álcool o equivalente a uma hora. O psiquiatra
Dagoberto Requião lembra que este cálculo varia de pessoa
para pessoa e não há uma previsão segura. Depois da terceira
dose é como se o fígado começasse a falhar e trabalhasse
em uma progressão geométrica. Quanto mais álcool, mais tempo
o corpo leva para processá-lo. Por isso, especialistas alertam
que quem gosta de beber com frequência não deve ingerir mais
de duas doses de bebidas em dias alternados. É que o corpo
leva quase 24 horas para se recompor totalmente.
O uso abusivo de álcool pode gerar
problemas irreversíveis. Carazzai explica que quando o fígado
está sobrecarregado não termina de fazer a desintoxicação.
E o que resta desse processo é uma substância chamada Acetaldeído.
Este subproduto é mais prejudicial do que o álcool em si.
Além de ocasionar as famosas ressacas, ele age de uma forma
bruta no cérebro e atinge diretamente os neurônios. O acetaldeído
destrói os neurônios e ocasiona uma diminuição desidratação
do cérebro, o que ocasiona na sua diminuição. O resultado
pode levar à demência. Além disso, altas doses causam hipertensão,
enfarte, varizes no esôfago, úlcera, cirrose, hepatite alcoólica,
problemas renais e câncer.
Os especialistas são enfáticos também
em afirmar que a distância entre o uso regular de fim de
semana e o alcoolismo é pequena. Quem bebe todos os fins
de semana e fica “bêbado”, literalmente, deve acender o sinal
amarelo. Como quanto mais se bebe, maior é a tolerância do
corpo ao álcool, os sinais do alcoolismo podem demorara a
aparecer.
fonte: Gazeta do Povo
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