Câmara aprova 7,72% para aposentadorias e fim do fator previdenciário
Líder do governo diz que reajuste
de 7,72% será vetado pelo presidente da República se for
mantido no Senado.
O Plenário aprovou, nesta terça-feira,
7,72% de reajuste para as aposentadorias da Previdência
Social acima de um salário mínimo. O índice foi incluído
na Medida Provisória 475/09 por meio de emenda do deputado
Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) e corresponde à inflação
acumulada pelo INPC mais 80% da variação do PIB de 2008
para 2009. Os deputados aprovaram também, por 323 votos
a 80 e 2 abstenções, a emenda do líder do PPS, Fernando
Coruja (SC), que acaba com o fator previdenciário a partir
de 1º de janeiro de 2011. A MP segue para o Senado.
O fator previdenciário é uma fórmula
que reduz, na maioria das vezes, os valores dos benefícios
da Previdência em relação ao salário de contribuição. Em
alguns casos, porém, o cálculo é favorável ao trabalhador.
O fator foi criado pela Lei 9876/99 com o objetivo de incentivar
o trabalhador a contribuir por mais tempo para a Previdência
— reduzindo, a médio prazo, o déficit do setor.
A emenda de Coruja havia sido
retirada de tramitação preliminarmente pelo presidente
Michel Temer, que considerou o tema estranho à MP. Entretanto,
na semana passada o Plenário aprovou um recurso para permitir
a sua análise pelo relator, o líder do governo, deputado
Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Ao defender sua emenda, Coruja
argumentou que deixar a discussão do tema para depois só
faria o debate se prolongar desnecessariamente. "É preciso acabar com o fator previdenciário, que prejudica milhões de trabalhadores", disse o deputado.
Acordo para 7,72%
Paulo Pereira da Silva lembrou que o acordo feito com os
aposentados e com o Senado é para o percentual aprovado
pela Câmara, e não um outro maior. "Algo
além disso é demagogia. Eu tenho certeza de que os aposentados
receberão esse percentual", afirmou.
As duas emendas puderam ser votadas
depois da rejeição do parecer de Vaccarezza contrário a
elas e a outras que propunham índices maiores.
Reajuste proporcional
O reajuste de 7,72% é retroativo a 1º de janeiro deste
ano, mas, para as aposentadorias concedidas a partir
de março de 2009, ele será concedido proporcionalmente
à data de início do pagamento.
Dessa forma, por exemplo, o reajuste
para aquelas aposentadorias que começaram a ser pagas em
dezembro de 2009 será de 3,58%.
Veto
Inicialmente, a MP 475/09 reajustava os benefícios acima
de um mínimo em 6,14%. Depois de negociações, o líder
do governo admitiu aumentar o índice para 7%, mas não
conseguiu unificar os partidos da base aliada em torno
desse número.
Segundo Vaccarezza, se os 7,72%
permanecerem no Senado o presidente Lula vetará o índice.
Vaccarezza explicou que, em caso de veto total à proposta,
o reajuste das aposentadorias será de apenas 3,52%, a não
ser que o presidente edite uma nova MP. Esse índice equivale
à correção das perdas inflacionárias.
Ele disse que o governo nunca
se recusou a discutir o assunto com o Congresso e os aposentados,
mas lamentou que líderes partidários que antes concordavam
com 7% tenham passado a apoiar 7,72%. "Não são os 7,72% que vão recuperar as perdas dos aposentados. Vamos debater a
continuidade da recuperação do poder aquisitivo no Orçamento
de 2011", disse o relator.
Vaccarezza retirou do texto a
regra de reajuste para o próximo ano, que previa o INPC
mais 50% da variação do PIB. Esse critério tornou-se inócuo
porque o PIB variou negativamente em 0,2% de 2009 para
2010.
Reajuste maior ainda
Antes de aprovar os 7,72%, o Plenário rejeitou, por 193
votos a 166 e 1 abstenção, a emenda do deputado José
Maia Filho (DEM-PI) que propunha um reajuste de 8,77%.
Esse percentual equivale à inflação
medida pelo INPC mais 100% da variação do PIB de 2008 para
2009.
Segundo o líder do DEM, deputado
Paulo Bornhausen (SC), os aposentados tiveram os seus rendimentos
achatados durante muitos anos e a recuperação não foi prioridade
do governo. "Defendemos 8,77%, mas o que é mais difícil é saber se determinado reajuste é
muito ou não, porque não há transparência na gestão das
contas da Previdência", disse.
Fonte: Agência Câmara