Aposentados em todo País exigem
fim fator previdenciário
Uma das reivindicações mais importantes dos aposentados
continua fora das prioridades do Congresso. O Projeto de
Lei 1/07, que propõe a extensão dos percentuais de reajuste
do salário mínimo para os benefícios da Previdência, mas
é o sexto item da pauta, sem prazo para ser votado.
Originalmente, o projeto do Executivo cria uma política
permanente de recuperação e atualização do salário mínimo
até 2023. No Senado, a matéria foi alterada por uma emenda
do senador Paulo Paim (PT/RS), que determina que essa política
seja estendida para os benefícios do Regime Geral de Previdência
Social.
Na última sexta-feira (20), aposentados fizeram manifestações
em todo País para pressionar pelo fim do fator previdenciário
e por reajustes mais eqüitativos nos benefícios. Na semana
passada, um grupo de parlamentares e representantes dos
aposentados se reuniu com o presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB/SP).
Receberam o sinal de que o PL 1/07 será colocado em votação.
Na última reunião de líderes, porém, o líder do PSol, Ivan
Valente (SP), fracassou na tentativa de incluir o projeto
entre as prioridades.
"Não houve nenhuma contestação, mas também não houve
nenhuma adesão para que a votação do projeto fosse prioridade.
Entendo que devemos votar e não segurar essa votação. Mas
não sei até onde eles têm vontade de votar isso na Câmara",
afirmou Valente.
Tema não é tratado
Entre os tucanos, segundo o vice-líder do partido Duarte
Nogueira (SP), o tema nem tem sido tratado.
O parlamentar afirma que por causa do trancamento da pauta
- obstruída por dez medidas provisórias - e devido às repercussões
das "denúncias" do senador-pavão Jarbas Vasconcellos
no Senado, a bancada do PSDB não chegou a debater o tema
ainda este ano.
"Não temos um posicionamento definido. A bancada ficou
por conta de se posicionar sobre os temas da semana",
justificou Duarte.
"Mas, de qualquer forma, o PSDB tem uma linha definida
que é defender uma reforma do sistema previdenciário, que
ofereça estabilidade para as contas do país e mais eficiência
no oferecimento dos benefícios", considerou.
Questionado sobre o posicionamento da base governista em
relação aos projetos, o líder do Governo na Câmara, deputado
Henrique Fontana (PT/RS), ficou reticente.
"Não temos um posicionamento sobre projetos específicos,
nós temos essa política geral e estamos trabalhando em torno
dela com o presidente, com o ministro. Os aposentados sabem
que o Governo Lula melhorou muito a situação deles",
disse.
Expectativa de votar o projeto
O relator do PL 1/07, deputado Roberto Santiago (PV/SP),
tem a expectativa de votar o projeto no final do mês de
abril. Segundo o parlamentar, por ser o sexto item da pauta,
a proposta pode ser apreciada dentro de 20 dias.
"O projeto está pronto para ser votado. Por mais que
algumas pessoas não estejam engajadas nem ‘preocupadas'
com o problema, aposentado tem em todos os estados e as
eleições é o ano que vem", desafiou Santiago.
"Sei que o Governo vai querer colocar a base para
votar contra, mas meu sentimento é que boa parte dos deputados
governistas votam a favor do projeto", disse. Para
o líder do PSol, governistas e oposição não definiram claramente
suas posições.
"O Governo está contrário ao projeto e também partidos
de oposição, como o PSDB e o DEM, votaram no Senado a favor
da proposta mais para colocar o Governo em dificuldade",
avalia Valente.
Desconforto
"A oposição de direita caminha cheia de ambigüidades.
Eles votaram, por exemplo, pela criação do fator previdenciário
e agora se sentem desconfortáveis em votar contra os aposentados",
alfinetou.
Outros dois projetos relevantes para os aposentados ainda
tramitam nas comissões da Casa e, dificilmente, serão votados
em plenário ainda este semestre.
Paridade
O PL 4.434/08 - que mantém uma paridade constante entre
o valor da aposentadoria e o número de salários mínimos
recebidos na data de início da concessão do benefício -
ainda precisa passar pelas comissões de Seguridade Social,
de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça.
Na Comissão de Seguridade, a proposta já tem o parecer
favorável do relator, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP),
que manteve a mesma redação dada pelo autor da proposta,
o senador Paulo Paim (PT/RS).
Mas, segundo a assessoria da presidente da comissão, a
deputada Elcione Barbalho (PMDB/PA), não há previsão para
que a proposta seja apreciada.
Fator previdenciário
Já o Projeto de Lei 3.299/08 - um dos mais polêmicos, porque
extingue o fator previdenciário - precisa ser apreciado
nas comissões de Finanças e Tributação, e de Constituição
e Justiça.
No mês passado, o relator do projeto, deputado Pepe Vargas
(PT/RS), apresentou um pré-relatório em que o fator era
mantido parcialmente. A proposta não foi bem aceita pelas
centrais sindicais e novas audiências públicas para debater
o tema foram marcadas para próxima semana.
"Até a segunda semana de abril, pretendo apresentar
o relatório. Na CCJ, não haverá discussão de mérito. Mas
não há previsão de quando essa proposta chegará em plenário.
Seria desejável que chegasse ainda este semestre",
avaliou o relator.
Os três projetos que beneficiam os aposentados têm causado
grande polêmica, especialmente porque o Governo teme aumento
de gasto. Na verdade, trata-se de uma opção política.
Centrais sindicais
As centrais sindicais, que deveriam estar à frente da mobilização
sobre esses temas, têm deixado a desejar. A pressão deveria
ser também sobre o judiciário.
Inúmeras foram às ações judiciais que tentaram resgatar
esta paridade de reajuste dos benefícios previdenciários
equiparando estes aos reajustes do salário mínimo. No entanto,
não se tem notícia de que alguma delas tenha prosperado.
A possibilidade de melhorar o benefício se deve ao fator
previdenciário, fórmula utilizada pela Previdência para
calcular o valor do benefício com base na expectativa de
vida da população, na idade do segurado e no número de contribuições
feitas.
Nos protestos de sexta-feira (20), os aposentados mostraram
sua força e poder de mobilização - apesar de praticamente
ignorados pelas centrais sindicais. No Rio Grande do Sul,
a principal estrela do encontro foi o senador Paulo Paim
(PT).
No entender do senador, com manifestações como as que ocorreram
no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas
Gerais, a votação deve acontecer em breve. Mas, segundo
ele, a mobilização deve continuar e estender-se para outros
estados.
Paim também falou de outros dois projetos de sua autoria
e que beneficiam os trabalhadores. Um acaba com o fator
previdenciário nas aposentadorias e o outro recompõe as
perdas que os aposentados tiveram nos últimos anos.
Previdência é superavitária
Ao contrário do que afirma o Governo, disse que a Previdência
tem os recursos necessários para garantir uma aposentadoria
digna.
"Nós já conseguimos aprovar no Senado a queda do Fator
Previdenciário que reduz em até 40% o valor das aposentadorias.
Temos, agora, que sensibilizar os Deputados Federais",
disse Paim. (Fonte: blog O Outro Lado da Notícia)
Fonte: Diap