Número
de ações trabalhistas aumenta
Com crise e demissões, alta no 1º trimestre
deste ano foi de 11,2% em relação a igual período de 2008 O aumento das demissões desde o fim do
ano passado, por causa do agravamento da crise financeira,
refletiu-se no número de ações na Justiça do Trabalho do país.
Houve alta de 11,2% no número de reclamações trabalhistas,
ou mais de 50 mil novas ações se comparados o primeiro trimestre
de 2009 e o mesmo período de 2008. Esse crescimento é maior do que o observado
nos três primeiros meses do ano passado -quando a economia
do país não apresentava sinal de recessão- em relação a 2007:
houve elevação de 0,77%, com o total de ações chegando a 455,6
mil.
As ações cobram direitos descumpridos no período do contrato
de trabalho, como hora extra e férias, ou mesmo reclamações
sobre o valor recebido da indenização na demissão. Os dados da Justiça estão em linha com
os números divulgados pelo Ministério do Trabalho sobre o comportamento
do mercado formal de emprego, que registrou alta de 10,2% no
número de vagas fechadas no primeiro trimestre deste ano (3,92
milhões) em relação a 2008 (3,56 milhões). Esses números escondem as ações coletivas
que, estatisticamente, são contabilizadas unitariamente, mas
representam dezenas, centenas e até milhares de trabalhadores
demitidos. É o caso da Embraer, que demitiu mais
de 4.000 funcionários em fevereiro deste ano. O Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos Campos entrou com uma ação no
TRT (Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas),
pedindo a anulação das demissões, e conseguiu uma decisão que
determinou que a empresa deve pagar aos demitidos uma indenização
de dois salários, com teto de R$ 7.000 e plano familiar de
saúde por 12 meses. Condenação de empresas
Não há estatísticas para dizer se as ações são normalmente
julgadas em favor dos trabalhadores ou dos empregadores.
Para o presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados
da Justiça do Trabalho), Luciano Athayde, no entanto, pode-se
dizer por "empirismo" que
na maioria dos casos as empresas são condenadas. "Não é que a Justiça concede direito a quem não tem, mas há na cultura brasileira
uma tendência de sonegar direitos na relação de trabalho." A situação preocupa as empresas, segundo
Emerson Casali, gerente-executivo de relações do trabalho da
Confederação Nacional da Indústria. Para o professor da Unicamp
José Dari Krein, o aumento de ações na Justiça não é algo negativo.
Ruim, diz, é haver mais desemprego. "É o aumento da insegurança no mercado de trabalho." Fonte: Agência Estado
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