Empresas ignoram “vida familiar”
Segundo pesquisa, apenas 10% das companhias brasileiras têm
boa cultura de conciliação entre trabalho e família
Em
busca de profissionais mais satisfeitos, as empresas brasileiras
estão lentamente adotando mecanismos e políticas para facilitar
a conciliação entre família e trabalho. Essas políticas
incluem horários flexíveis, planos de aposentadoria, licença
maternidade acima do previsto em lei e prestação de serviços
para dependentes de funcionários, como creche e centros
esportivos.
Apesar do avanço em relação a anos
anteriores, apenas 10% das empresas do país encontram-se
no patamar ideal de conciliação. É o que mostra a pesquisa
do Índice Internacional de Empresas Familiarmente Responsáveis
2009 (Ifrei, na sigla em inglês – International Family-Responsible
Employer Index), levantamento feito no Brasil pelo Instituto
Superior da Empresa (ISE). A maioria das empresas (44%) possui
políticas mas não as usa com frequência; 35% possuem algumas
políticas e as colocam em prática; e 12% não possuem nenhuma
política de conciliação família-trabalho.
O estudo também mostra maior conscientização dos gestores, um passo fundamental
no processo de implementação da cultura de empresa familiarmente
responsável. Em 2007, 57% dos executivos eram compreensivos
quando os funcionários davam prioridades à família. Na última
pesquisa, esse número saltou para 74%.
Segundo o levantamento, as empresas menores apresentam melhor colocação no índice.
“Isso ocorre porque é mais fácil resolver questões familiares
e adotar políticas nesse sentido em empresas menores. Empresas
já não tão pequenas possuem toda uma burocracia, como RH,
que pode ser um empecilho”, afirma o professor César Bullara,
coordenador do Ifrei no Brasil.
Em Curitiba, a Posigraf, gráfica e
editora do grupo Positivo, com 950 funcionários, adota algumas
práticas de conciliação. Há quatro anos, por exemplo, a empresa
criou o programa “De Portas Abertas”, em que familiares são
estimulados a conhecer a fábrica. “Uma vez a cada dois meses
há um dia para que o funcionário possa trazer sua mãe, filhos,
esposa”, diz Wilson Bremer Cerqueira, gerente de gestão de
pessoas. De acordo com ele, o benefício para a empresa é
a satisfação e o orgulho do funcionário. “É perceptível no
rosto deles, quando trazem a família, o orgulho que sentem
pelo trabalho que exercem”, afirma. Além desse programa,
a Posigraf também subsidia cursos técnicos no Senai para
filhos de funcionários.
A pesquisa do Ifrei foi feita em 2009,
com 102 empresas, e tem erro amostral de 7%, para mais ou
para menos.
fonte:gazeta do povo |