Estabilidade
do trabalhador poderá ser ampliada
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou ontem que levará
à próxima reunião do Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo
de Amparo ao Trabalhador) a proposta de ampliar o período
de estabilidade do trabalhador na empresa após usufruir da
Bolsa-Qualificação -suspensão temporária do contrato de trabalho.
O novo prazo pode chegar a dez meses.
A medida será discutida de forma casada com a prorrogação
do número de parcelas do seguro-desemprego para até dez meses,
de acordo com o Ministério do Trabalho.
" Queremos que a estabilidade, que hoje a lei define
que é de apenas três meses, seja ampliada para o tempo de
duração da bolsa. Se for cinco meses, a estabilidade será
de cinco meses", disse Lupi pouco antes de se reunir
com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar de
medidas antidesemprego.
Como a Bolsa-Qualificação é uma modalidade do seguro-desemprego,
a ampliação do benefício consequentemente elevaria a estabilidade
do trabalhador para até dez meses.
A ampliação das mensalidades do seguro-desemprego é uma reivindicação
das centrais sindicais. Hoje, a legislação prevê o pagamento
de três a cinco parcelas e permite a ampliação para até sete
meses desde que seja verificado um comportamento anormal do
nível de emprego em um setor.
O secretário de Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo,
Guilherme Afif Domingo, também encaminhou ao governo a ampliação
do prazo, mas exclusivamente para a Bolsa-Qualificação -também
conhecida como "lay off". Com base em um estudo
elaborado pela Fipe, ele pediu ao governo federal a adoção
do "lay off" por um prazo de dez meses.
Para ampliar as parcelas para dez meses, no entanto, mais
do que a aprovação do Codefat, o governo precisa inicialmente
mudar a lei do seguro-desemprego no Congresso -o que pode
ser feito por projeto de lei ou via medida provisória.
Lupi reafirmou que as mudanças na Bolsa-Qualificação buscam
criar critérios para a concessão do benefício, evitando abusos
por parte das empresas. Apesar de ter sido criado em 1999,
o benefício não tem regras claras para aplicação.
" A empresa não paga salário, não paga os encargos e
depois demite o trabalhador após três meses", declarou,
acrescentando que o governo também definirá normas para a
realização dos cursos de qualificação.
Para este ano, o governo conta com um "colchão"
de R$ 1,1 bilhão para pagar parcelas adicionais de seguro-desemprego
a até 1 milhão de trabalhadores. O ministério já criou um
mecanismo para monitorar o nível de desemprego para detectar
movimentos do mercado de trabalho mais rapidamente.
fonte: Folha de S.Paulo |