Bancários
ameaçam greve a partir de amanhã
Magaléa Mazziotti
Ao
que tudo indica, os bancários de todo o País devem entrar em
greve a partir de amanhã, com o objetivo de retomar a agenda
de negociação salarial. A decisão sobre a paralisação será tomada
em assembleias às 18h30.
Até agora, a Federação Nacional do Bancos (Fenaban) apresentou uma proposta de
reposição de 4,29% (baseada no INPC) dos salários e manteve o
Programa de Participação nos Lucros (PPLR) igual ao ano passado,
ou seja, 90% do salário mais uma parcela de R$ 1,2 mil. “Não
dá para entender essa oferta como proposta e, sim, provocação”,
critica o presidente do Sindicato do Bancários de Curitiba e
região, Otávio Dias.
Na avaliação do sindicato, as reivindicações
da categoria são bem razoáveis diante da lucratividade registrada
pelos bancos neste ano. “Os seis principais bancos do país (Banco
do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC)
tiveram um lucro superior a 30% sobre o patrimônio líquido no
primeiro semestre deste ano, creio que os funcionários são responsáveis
por esses resultados”, aponta Dias.
Pelo sindicato, o reajuste salarial deveria
ser de 11% (reposição mais ganho real de 6,71%) e o PPLR de 3
salários do bancário e mais R$ 4 mil. Também faz parte da pauta
de reivindicações a valorização do piso salarial de R$ 1.074
para R$ 1.510 e, no caso de escriturário, R$ 2.157,00 (valores
calculados pelo Departamento Intersindical de Economia e Estatística
do Paraná).
A categoria ainda batalha por reajustes nos vales refeição e
alimentação para R$ 510 cada, e por melhores condições de trabalho,
principalmente, no que se refere ao cumprimento de metas consideradas
abusivas, assédio moral e discriminação.
De acordo com o sindicato, no País, são 1,2
mil funcionários afastados todo mês por problemas de saúde relacionados
a Lesão por Esforço Repetitivo (LER/Dort) e saúde mental.
Já em Curitiba e região, somente entre os
bancos privados, o sindicato já atendeu nos primeiros seis meses
de 2010, mais de 400 bancários afastados pelo problemas de saúde
citados.
“Eles já sofrem a pressão natural do ofício
de lidar com o dinheiro alheio e, com as metas dos bancos, o
nível de cobrança tem gerado esses números. Há muito tempo o
bancário deixou suas funções de origem e foi transformado em
vendedor de produtos do banco com uma série de metas a superar”,
explica a assistente social do sindicato, Roseli Pascoal. No
Estado, o sistema bancário conta com 26,5 mil bancários e, em
Curitiba e região, 17,5 mil.
Rotatividade
Outro ponto reclamado pelos bancários diz
respeito à alta rotatividade observada no setor de janeiro de
2009 a julho deste ano. Foram substituídos mais de 48 mil funcionários
no Brasil, 10,25% do total dos trabalhadores em bancos.
“Esse processo de troca de funcionários é
motivado, sobretudo, pela intenção de achatar os salários. Em
geral, os trabalhadores demitidos ocupam uma faixa de R$ 3.531
e são substituídos por pessoas que assumem a mesma função recebendo,
em média, R$ 2.187”, revela Dias. “Essa situação não condiz com
a conjuntura econômica brasileira, tanto que o bancário já deixou
de ser considerado da elite da sociedade como ocorria em outras
épocas”, lembra o presidente do Sindicato.
Fonte: Paraná Online.
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