Franceses
fazem greve contra reforma na previdência
Paralisação atrapalhou o sistema de transportes e levou ao
fechamento de escolas
Uma
grande greve contra o plano do governo de aumentar a
idade para as aposentadorias atrapalhou hoje o sistema
de transportes e levou ao fechamento de escolas na França.
Os sindicatos pretendem levar milhões de pessoas às ruas
para protestar. Foram afetados os trens em cidades por
todo a França. Em Paris, três em cada quatro trens do
metrô estavam operando.
A autoridade aeroportuária DGAC
afirmou que 15% dos voos haviam sido cancelados, no período
entre as 7 e as 14 horas (horário local) nos aeroportos
Charles de Gaulle e de Orly. Já o Ministério da Educação
informou que 32% dos professores de escolas de ensino fundamental
cruzaram os braços. No ensino médio, a paralisação afetou
10% dos professores. O sindicato dos professores SNUipp-FSU
afirmou que mais de 50% dos docentes estavam parados e
várias escolas não funcionavam.
Na semana passada, o governo apresentou
uma proposta para aumentar a idade de aposentadoria de
60 para 62 anos, a partir de 2018, elevando o tempo de
trabalho necessário para se conseguir o benefício. A medida
é parte dos esforços do governo para cortar seu déficit
orçamentário. Para os sindicatos, essa mudança é um ônus
injusto para os trabalhadores.
Líderes de sindicatos que convocaram a greve planejavam grandes manifestações. "A esperança é conseguir mais de 1 milhão de manifestantes. Eu acho que esse número
será superado, com certeza", previu François Chereque, líder do sindicato CFDT. Segundo ele, "talvez 2 milhões" de pessoas possam participar. "Nós temos mais de 200 manifestações por toda a França e estamos ouvindo das bases
que há um comparecimento excepcional", afirmou.
Também foi convocada uma paralisação no
serviço dos Correios, em empresas fornecedoras de gás e eletricidade
e em várias companhias privadas. Os funcionários gráficos aderiram
ao movimento, levando jornais diários como o Le Monde e o Libération
a desistirem de suas edições de sexta-feira. Emissoras como
a France Info, dedicadas à informação factual, tocavam músicas
para preencher os buracos gerados pelos funcionários parados.
Grandes protestos já forçaram o governo
francês a recuar em reformas sociais no passado. Dessa vez,
o ministro do Trabalho, Eric Woerth, afirmou que o governo
não cederá no aumento da idade para a aposentadoria. A mudança
busca ajudar o país a alcançar a meta de déficit de 3% em relação
ao Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. A mudança também é
um aspecto central da agenda do presidente Nicolas Sarkozy,
que se prepara para tentar a reeleição em 2012. A lei sobre
a reforma deve ser analisada pelo gabinete de governo no mês
que vem e seguir para o voto do Legislativo em setembro. As
informações são da Dow Jones.