Policiais pressionam Câmara por votação de piso
Plenário ficou praticamente refém. Foi preciso convocar
uma reunião de emergência para buscar saída para o impasse
O
plenário da Câmara ficou praticamente refém na noite
de ontem até o início da madrugada de hoje pelas galerias
tomadas por policiais. Eles pressionavam para a votação
das propostas de emenda constitucional que fixa o piso
salarial nacional da categoria e que cria a polícia penal.
Às 11h30 da noite, o clima de tensão crescente fez com
que o primeiro vice-presidente, deputado Marco Maia (PT-RS),
suspendesse a sessão e convocasse uma reunião de emergência
com os líderes partidários em busca de uma saída para
o impasse.
O governo não aceita a aprovação
do projeto que fixa na Constituição os valores do piso,
assim como parte das bancadas partidárias. Para o governo,
a exemplo do que foi feito no caso do piso nacional dos
professores, a proposta de emenda constitucional deve apenas
criar um piso e remeter para uma lei os valores a serem
fixados. Por outro lado, há a pressão dos policiais e deputados
que defendem a causa, somados a um grupo de parlamentares
preocupado em agradar a categoria em ano eleitoral, pensando
nos votos nas urnas.
Grande parte da reunião de Marco Maia com os líderes foi em busca de uma saída
para encerrar a sessão. Deputados estavam prevendo agressões
por parte dos policiais assim que Maia encerrasse a sessão
sem a votação do projeto. Deputados diziam estar sendo
ameaçados por policiais. Seguranças da Câmara relataram
que, na noite de terça-feira, tiveram que fechar as entradas
da Casa para impedir uma invasão dos manifestantes.
A reunião de líderes prosseguiu por quase uma hora e meia, enquanto no plenário,
os manifestantes entoavam palavras de ordem: "Ô Vaccarezza, cadê você, por causa disso ninguém vota no PT", "Fora Dilma", "Ô deputado, presta atenção, nossa resposta vai ser dada na eleição", "Ô Genoino, pode esperar, o ficha limpa vai te pegar". Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara, e o deputado José Genoino
(PT-SP), contestavam a votação do projeto na sessão. A
estratégia do governo foi impedir a votação na sessão,
atrasando a análise da medida provisória 479, que tranca
a pauta. Por pedido do líder governista, a relatora da
MP, Gorete Pereira (PR-CE), teve de ler o seu parecer de
mais de cem páginas na sessão, provocando o aumento da
temperatura entre os manifestantes.
O deputado Arnaldo Faria de Sá
(PTB-SP) foi o mediador de um acordo para permitir o encerramento
da sessão e a saída dos policiais das galerias. Faria de
Sá é o relator da proposta de emenda constitucional da
polícia penal e autor de uma das propostas do piso salarial
dos policiais. A sessão foi encerrada faltando 2 minutos
para 1h, com a volta de Marco Maia e dos líderes ao plenário
e anunciado o compromisso de, na próxima terça-feira, discutir
uma saída para o impasse em uma reunião de líderes. Nos
bastidores, líderes e deputados criticaram a atitude de
Marco Maia de incluir o projeto da pauta, criando uma expectativa
de votação que não ia acontecer.
fonte: Gazeta do Povo