Sistema
tributário brasileiro é mais "pesado" para os mais pobres, diz Ipea
Análise do instituto foi divulgada nesta terça-feira. Levantamento
também aponta destinos do imposto pago no Brasil
O sistema de impostos do Brasil tributa
mais os contribuintes que têm níveis mais baixos de renda,
afirma relatório divulgado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) nesta terça-feira (30).
A análise, que tem como base o Sistema
de Contas Nacionais do IBGE, estima que famílias com renda
de até dois salários mínimos tenham destinado em 2008 até
54% da renda ao pagamento de impostos; famílias com renda
acima de 30 salários-mínimos, cerca de 29%.
Para o ano de 2008, a estimativa do
Ipea para a Carga Tributária Bruta (que considera todos os
impostos compulsórios pagos no Brasil) foi de 36,2% do PIB.
De acordo com o relatório, enquanto
132 dias do cidadão brasileiro foram destinados a pagar tributos,
há desigualdade na proporção da carga para os diferentes
níveis de renda.
Dos cidadãos mais pobres, segundo
o Ipea, foi exigido um esforço equivalente a 197 dias, enquanto
que os cidadãos mais ricos dedicariam 106 dias – três meses
a menos.
O levantamento estima ainda que, em
2006, a carga tributária bruta brasileira representou 13,6%
da renda dos proprietários (empregadores e trabalhadores
por conta própria) e, dos não proprietários (empregados),
de 24,4%.
A fatia da renda dos empregados absorvida
pelos impostos foi destinada exclusivamente ao pagamento
de contribuições previdenciárias (inclui FGTS) e o Imposto
de Renda (IR) retido na fonte, cuja arrecadação nacional
somou R$ 236,9 bilhões em 2006.
Já os impostos cobrados dos proprietários,
cuja arrecadação somou R$ 141,1 bilhões no mesmo ano, foram
os seguintes: o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (R$ 52
bilhões), a Contribuição sobre Lucro Líquido da Pessoa Jurídica
(R$ 26,7 bilhões), o Imposto de Renda retido na fonte, inclusive
o incidente sobre os rendimentos do trabalho (R$ 32,6 bilhões),
o Imposto Predial Territorial Urbano (R$ 13,3 bilhões), o
Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotivos (R$ 12,3
bilhões), o Imposto sobre Transmissões Intervivos e Causa-Mortis
(R$ 3,85 bilhões) e o Imposto Sobre a Propriedade Territorial
Rural (R$ 0,3 bilhão).
Destino dos impostos
Segundo estimativa do Ipea, cerca
de 16 dias do cidadão brasileiro foram destinados a impostos
que pagaram aposentadorias e pensões a idosos da área urbana
em 2008, e pouco mais de cinco dias para financiar os mesmos
benefícios aos idosos da área rural.
Para
financiar os chamados benefícios temporários do RGPS, que
protegem trabalhadores em idade ativa, mas que precisam
se
ausentar do mercado de trabalho – por maternidade ou
doença, por exemplo – foi necessária, no ano passado, a contribuição
equivalente a 2,2 dias de cada cidadão brasileiro, segundo
o Ipea.
Outros 7,7 dias são necessários para
pagar as aposentadorias e pensões dos servidores públicos
federais, bem como alguns benefícios específicos como assistência
médica, auxílios refeição, transporte e creche, dentre outros.
Fonte: Gazeta do Povo