Jornada:
comissão claudica; movimento sindical precisa pressioná-la
Nesta quarta-feira (4), a comissão especial
que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95,
que pretende reduzir a jornada máxima de trabalho para 40
horas semanais, realizou reunião para eleger os vices presidentes
e votar alguns requerimentos.
Os deputados Deley (PSC/RJ), Carlos Sampaio
(PSDB/SP) e José Otávio Germano (PP/RS) foram eleitos, respectivamente,
1º, 2º e 3º vices-presidentes do colegiado. Os parlamentares
que compareceram à reunião também aprovaram o requerimento
do presidente da comissão, deputado Luiz Carlos Buzato (PTB/RS),
para realização de audiência pública com o presidente da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), Cézar Brito.
A reunião deverá ser agendada na próxima
semana.
Debates
Existe uma série de requerimentos de pedido de audiência pública
nos estados. Como o tema é abrangente, a comissão deverá também
debater a proposta em várias regiões do País. O objetivo é
observar os cenários do mundo do trabalho nas cinco regiões
do Brasil.
De acordo com o presidente da comissão, o
ideal neste primeiro momento é realizar as reuniões na Câmara
e depois fazê-las nos estados. Buzato, que é contrário à redução
da jornada, disse que paralelo ao debate, é preciso que haja
"redução dos encargos trabalhistas, além de desonerar
a atividade produtiva".
O relator, deputado Vicentinho (PT/SP), alertou
para o momento de crise e desemprego que vive o País, "e
nesse sentido a criação da comissão especial nos ajudará a
discutir o assunto". O relator fez um apelo aos demais
membros do colegiado para que compareçam às reuniões da comissão.
Polêmica
Desde o retorno dos trabalhos legislativos, a comissão tem
encontrado dificuldades para realizar suas reuniões. O problema,
que poderia ser apenas regimental - falta de quorum para abrir
a reunião - esconde uma verdade camuflada na questão técnica.
Não há vontade política da Casa em tratar o tema de modo aprofundado,
pois a maioria de empresários no Parlamento é contra a proposta.
A comissão, que foi instalada o ano passado,
ainda não tinha votado nenhum requerimento de pedido de realização
de audiência pública evidenciando, portanto, o descaso com
o tema, que apresenta benefícios para os trabalhadores, em
particular, e para a sociedade como um todo. Pesquisas recentes
apontam que a redução da jornada de trabalho permite a abertura
de cerca de 2 milhões de novos postos de trabalho.
Na questão social, a redução das horas laborais
do trabalhador brasileiro cria oportunidade para mais lazer
com a família, dedicação ao estudo e maior qualificação profissional,
item fundamental à manutenção do emprego nesse cenário cada
vez mais competitivo e em franca modernização.
Para o empregador, a redução da jornada também pode apresentar
resultados positivos como, por exemplo, a redução do desgaste
de máquinas e equipamentos e a necessidade de afastamento
do trabalhador por conta de problemas de saúde provocados
pelo excesso de trabalho.
Diante da morosidade dos trabalhos do colegiado,
o movimento sindical deve pressionar a Câmara para que o tema
e a comissão não caiam na vala comum do processo legislativo,
pois se isso acontecer não será neste ano, e muito menos no
próximo que será possível aprovar a proposta.
Fonte: Diap
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