Jornada
de trabalho: é hora de mudar a tática
A melhor tática é aprovar logo a proposta na comissão
especial. As audiências públicas, neste momento, são protelatórias
e só interessam aos que são contrários à PEC 231/95, de redução
da jornada de trabalho, sem redução de salário. Entre os atores
não há mais a quem convencer
O movimento sindical brasileiro já tem suficiente
massa crítica sobre o debate da redução da jornada de trabalho,
sem redução de salário. E a discussão no meio sindical evoluiu
bastante, pois saiu do economicismo para abarcar os aspectos
sociais mais relevantes acerca do tema.
No Congresso não é diferente. A Câmara realizou
grande e importante debate no plenário - a comissão geral
- depois de o movimento sindical ter feito intensa movimentação
e trabalho de convencimento na sociedade com a coleta de mais
de 1 milhão de assinaturas pela aprovação da proposta de emenda
à Constituição (PEC) 231/95, que trata do assunto.
Entre os atores interessados na matéria (Governo,
empresários e trabalhadores) - contra ou a favor - não há
mais a quem convencer. O movimento sindical é favorável pelas
razões que já foram suficientemente expostas no Congresso.
Os patrões, por meios de suas entidades, também já expressaram
sua posição, por todos conhecida, contrária à proposta.
Portanto, já é hora de mudar a tática. Há
número favorável e suficiente para aprovar a matéria na comissão
especial. O DIAP fez este levantamento e colocou disponível
para as entidades sindicais.
Se a matéria não for aprovada nesta legislatura,
na próxima ela volta à ‘estaca zero'. Ou seja, para reiniciar
a discussão teria que constituir e instalar, novamente, uma
comissão especial.
Desse modo, para voltar ao debate, o próximo
presidente da Câmara teria que aprovar um ato da Mesa Diretora
para constituir nova comissão especial (mérito) e só depois
o colegiado poderia ser instalado, com a indicação dos membros
pelos líderes partidários.
Ao contrário, se a proposta for aprovada
na comissão, entra na ordem do dia do plenário para votação
em dois turnos. Neste momento, a pressão deve ser intensificada
para a conquista dos 308 votos necessários para aprovação
da emenda constitucional.
Por essas razões, a melhor tática é aprovar
logo a proposta na comissão especial. As audiências públicas,
neste momento, são protelatórias e só interessam aos que são
contrários à PEC 231/95, de redução da jornada de trabalho,
sem redução de salário.
Sem contar, por fim, que a aprovação da matéria
cria um fato positivo paro o movimento sindical neste momento
de disputa política em que os representantes dos trabalhadores
estão bem posicionados, com a unidade das centrais sindicais.
(*) Analista político e assessor parlamentar
do Diap
Fonte: Diap
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