O
movimento sindical, os trabalhadores e o Congresso
O próximo ano será crucial para os
trabalhadores e o movimento sindical, pois será ano de eleição
geral no País. Será o momento de renovar o Congresso - Câmara
e Senado - as assembléias legislativas nos estados e, principalmente,
a Presidência da República.
Diferente de anos anteriores, penso
que o movimento sindical deve e pode ter ação mais ativa
e efetiva em relação às eleições.
Pouco ou nada adianta o movimento
sindical, por meio das entidades - sindicatos, federações,
confederações e centrais - definir uma agenda dos trabalhadores
para defender no Congresso se não eleger seus representantes.
Ano de eleição é ano de engate e engajamento.
O poder econômico não tem brincado
com isso. Em 2006 elegeu 219 representantes para a Câmara
dos Deputados e 27 para o Senado Federal. Enquanto a bancada
sindical diminuiu nesta legislatura de 70 para 60 a quantidade
de deputados e senadores.
Se os trabalhadores, por meio de suas
entidades representativas, não compreenderam que eleição
é disputa política cujo resultado define a correlação de
forças no Parlamento, o movimento sindical já inicia a batalha
com baixas importantes.
Assim, 2010 deve ser eleito o ano
em que os trabalhadores e o movimento sindical devem se preocupar
em eleger uma bancada de representantes dos interesses e
em defesa dos assalariados no Congresso.
Nesta arena de luta nem sempre ganha
quem faz as melhores articulações e influencia mais. Há muitos
e variados momentos em que a força numérica tem papel relevante
no processo decisório.
Portanto, construir uma unidade em
torno desta perspectiva será importante para demarcar, desde
já, o processo que desemboca nas eleições no próximo ano.
Pauta dos trabalhadores
Para viabilizar a "pauta
trabalhista" apresentada pelas centrais - CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CTB e CGTB
- em maio ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB/SP),
será necessário fazer bancada.
Os trabalhadores não terão êxito ou
esta perspectiva estará mais distante do horizonte se novamente
o capital vencer o pleito de 2010, como tem feito ao longo
de todo o processo de eleições diretas no País - para as
vagas no Parlamento.
É hora de o movimento sindical se
despir de quaisquer posições que o submeta a mero espectador
do processo eleitoral, descer das arquibancadas e entrar
em campo para jogar o jogo, a fim de contribuir para que
o resultado seja o melhor possível para os trabalhadores.
A atuação unitária e organizada do
movimento sindical nesse processo, creiam, fará grande e
importante diferença!
Unidade do movimento e clareza de
objetivos
A unidade das centrais, a organização, os recursos materiais
e financeiros têm projetado positivamente o momento sindical,
que diante da crise foi capaz de mobilizar e apresentar propostas
à sociedade, ao Governo e ao patronato neste momento em que
o emprego e a renda dos assalariados estão em jogo diante
da economia em dificuldades.
Sem os elementos citados acima não
seria possível avançar diante do quadro nebuloso e das dificuldades
que surgiram com a eclosão da crise no centro financeiro
do mundo - os EUA, que atingiu o Brasil e a economia real,
com reflexos na renda das famílias.
O êxito de toda e qualquer empreitada
não é produto de mero desejo, mas das condições objetivas
que se definem em torno dos objetivos traçados.
Maturidade e força
O movimento sindical, por meio das centrais, tem demonstrado
muita maturidade para enfrentar os desafios impostos pela
crise na economia e no mundo do trabalho.
Essa maturidade se expressa quando
juntas - as centrais - conseguem definir uma agenda unitária,
positiva, enxuta e absolutamente exeqüível para debater e
aprovar no Parlamento brasileiro.
Isto se dá em razão à atuação unitária
do movimento sindical, sobretudo neste quadro de crise.
E mesmo num quadro em que a correlação
de forças não é favorável consegue aprovar, na comissão especial,
a redução da jornada de trabalho, por exemplo.
E ainda não permite que a Convenção
158 fosse arquivada como queria o relator da matéria na Comissão
de Relações Exteriores da Câmara, deputado Júlio Delgado
(PSB/MG).
Agora, o momento sindical precisa
demonstrar força elegendo o máximo de representantes ao Congresso
Nacional - Câmara e Senado - e também para as assembléias
legislativas, passando pelos governos estaduais e até a Presidência
da República.
Isto não é retórica. Trata-se de necessidade,
pois do contrário não estaremos à altura dos desafios que
se avizinham.
Arregacemos as mangas e nos coloquemos
à altura desse e de outros desafios que a classe trabalhadora
nos exige e delega!
Fonte: Diap
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