Câmara
terá procuradoria para apurar violência contra mulheres
Em reunião com a bancada feminina, o presidente
Michel Temer ouviu as reivindicações apresentadas pelas parlamentares.
A Câmara vai criar uma procuradoria para
receber e encaminhar aos órgãos responsáveis denúncias de
violência e discriminação contra a mulher. O anúncio foi feito
nesta quarta-feira pelo presidente da Casa, Michel Temer,
à bancada feminina, em uma reunião que discutiu uma pauta
de reivindicações das deputadas. A nova instância foi uma
promessa de Temer feita durante a campanha que o levou ao
comando da Casa.
A Procuradoria Especial da Mulher será criada
por meio de um projeto de resolução, que foi apresentado à
bancada. Além de receber as denúncias, a procuradora poderá
fiscalizar e acompanhar a execução das políticas públicas
voltadas para a redução das desigualdades de gênero e até
promover campanhas antidiscriminatórias de âmbito nacional.
Atualmente, as mulheres são mais de 50% do
eleitorado brasileiro, mas são representadas por apenas 45
deputadas, menos de 10% do total de parlamentares.
Emenda
Temer concordou também em colocar em votação, na semana em
que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março),
a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 590/06, que garante
a participação das mulheres na Mesa Diretora e nas comissões
temáticas das duas Casas do Congresso. A PEC é de autoria
da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) e ainda precisa passar
por uma comissão especial.
Para cumprir o prazo prometido, Temer terá
que negociar com os partidos a rápida instalação da comissão
especial. Ao chegar ao plenário, os partidos também vão ter
que concordar com a quebra de alguns prazos regimentais.
Vinculação
Pelo projeto de resolução apresentado por Temer, a Procuradoria
Especial da Mulher será vinculada diretamente ao gabinete
da Presidência e o cargo será ocupado por uma deputada indicada
pelo presidente.
Para a deputada Sandra Rosado (PSB-RN), coordenadora
da bancada feminina, o novo espaço dará mais visibilidade
ao trabalho das deputadas e reforçará o aparato estatal em
defesa da mulher. "É um avanço", disse.
As deputadas pediram ao presidente que a
procuradoria tenha um espaço específico dentro das dependências
da Câmara e que a indicação da procuradora seja feita em cima
de uma lista encaminhada pela bancada. Temer ficou de examinar
as duas propostas.
Presença
Na reunião de Temer com a bancada, foram discutidas as reivindicações
das deputadas para ampliar a sua presença política nos diversos
fóruns da casa. Temer concordou com alguns dos pontos apresentados
pelas parlamentares, como o aumento da indicação de mulheres
para as presidências das comissões especiais e nas relatorias
de projetos importantes.
A bancada sugeriu que, a cada 10 projetos
ou comissões criadas, uma fosse destinada para uma parlamentar.
"O que nós temos presenciado hoje é que os homens têm
ocupado quase que totalmente os espaços da Casa", disse
Sandra Rosado.
As parlamentares manifestaram preocupação
quanto à possível instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) do Aborto, que, segundo elas, poderá criminalizar as
mulheres sem apresentar a devida solução para o problema.
As deputadas reivindicaram ainda a institucionalização
da bancada. Na prática, seria como criar um "partido
das deputadas", o que lhes garantiria um espaço na Casa,
com regimento e assessoria. Sandra lembrou que alguns países
já fizeram isso, como Moçambique.
Fonte: Agência Câmara
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