Trabalhadores
negociam mais e melhor, mas rotatividade de mão de obra limita
aumento salarial médio
Mesmo com a crescente melhora dos resultados
das negociações salariais trabalhistas, a rotatividade da mão
de obra tem impedido que o poder de compra dos trabalhadores
cresça na mesma proporção dos ganhos de produtividade. Segundo
o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre
Prado de Oliveira, a terceirização e a substituição de trabalhadores
antigos por profissionais com salários mais baixos têm o "efeito danoso" de fazer com que o salário médio cresça pouco ou simplesmente não cresça.
"Salvo algumas exceções, um funcionário
novo sempre é contratado por um salário menor do que o que era
pago ao trabalhador mais experiente que foi demitido e isso provoca
o achatamento da média salarial, mesmo quando o volume [a massa]
salarial pago cresce de forma a acompanhar o maior número de
pessoas contratadas", disse Oliveira à Agência Brasil logo após a divulgação, em São Paulo (SP),
do balanço das negociações salariais do primeiro semestre deste
ano.
Para Oliveira, reduzir a rotatividade da mão
de obra é um dos desafios que devem ser enfrentados, aproveitando
o bom momento da economia brasileira, que resulta em boas negociações
sindicais, com ganhos salariais reais para a maioria das categorias
organizadas.
Para o sindicalista Atenágoras Lopes, da direção
da Coordenação Nacional de Lutas (CSP-Conlutas), os trabalhadores
também precisam aproveitar o bom momento para insistir na participação
nos ganhos de produtividade das empresas. "Temos tido ganhos, mas quando se compara o aumento médio dos ganhos reais dos
trabalhadores com o crescimento da produtividade por trabalhador,
o abismo é enorme. Nós temos que incorporar este tema ou vamos
seguir nos contentando com inflação mais 2% de aumento real", concluiu Lopes. (Repórter Alex Rodrigues)
Fonte: Agência Brasil
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