Novo cálculo do seguro de acidente de trabalho
Em evento realizado em São Paulo,
o governo diz que o novo cálculo do seguro de acidente
de trabalho vai trazer mais segurança, enquanto as empresas
disseram que vai aumentar os encargos trabalhistas.
Em discussão, o seguro acidente
de trabalho, dinheiro que as empresas pagam à previdência
para custear auxílios-doença e aposentadorias por invalidez.
Até o ano passado, esse seguro
era de 1% a 3% sobre a folha de salários. Por exemplo:
construtoras de prédios pagavam 3%, por causa do risco
maior de acidentes. Fábricas de carros, 2%. Restaurantes
e lojas de roupas, 1%.
Este ano, o cálculo mudou. A alíquota
já não depende só do setor, mas também da empresa. É que
um mesmo setor pode ter empresas que oferecem maior ou
menor risco de acidentes. Para isso, foi criado o FAP (Fator
Acidentário de Prevenção). O FAP é um multiplicador que
varia de 0,5 a 2.
Veja o exemplo de um setor que
tenha risco médio: alíquota de 2%. Se a previdência avalia
que uma empresa previne os acidentes de trabalho, pode
dar a ela um FAP baixo, de 0,5. Ou seja, 0,5 multiplicado
por 2 = 1. Portanto, em vez de 2% de seguro, a empresa
vai pagar 1%. Mas se ela costuma ter muitos acidentes de
trabalho, pode receber FAP alto, igual a 2, que multiplicado
por 2, dá 4% de seguro. O dobro do que pagaria antes.
Na opinião do governo, a nova
fórmula estimula a prevenção.
“Isso é um chacoalhão para as
empresas, para o Brasil. Isso vai ser positivo, porque
nós vamos ter nos próximos dois anos uma redução da acidentalidade
significativa”, diz Remígio Todeschini, diretor de saúde
ocupacional do Ministério da Previdência.
O Ministério da Previdência disse
que, das empresas que pagam o seguro, apenas 7% vão desembolsar
mais. Já a Confederação Nacional da Indústria calcula que
serão quase 60%.
Uma empresa de engenharia entrou
na Justiça porque teria que pagar muito mais.
“Nós tivemos uma majoração em
65% na alíquota do seguro de acidente de trabalho, um resultado
muito negativo para nós”, conta Walter Costa, gerente de
recursos humanos.
Os encargos trabalhistas no Brasil
já dobram o valor na folha de pagamento. Alguns juristas
dizem que o novo sistema do seguro precisa ser aperfeiçoado.
“É uma carga brutal que cada empresa
vai sofrer, individualmente, repercutindo na sua cadeia
de custos”, diz Wagner Barela, professor de direito da
PUC-SP.
Fonte: Abdir