Grande
agricultor vai pagar por água de rios
Requião vetou parte da lei que isentava todas propriedades da nova
taxa. Agora, só pequenos produtores rurais não vão pagar
O governo
estadual pretende cobrar a água retirada dos rios por médios
e grandes proprietários rurais do Paraná. O governador Roberto
Requião (PMDB) vetou parte do artigo da lei que cria o Instituto
das Águas do Paraná (Ipaguas) – justamente a que isentava todas
as propriedades rurais destinadas à produção agropecuária e
silvipastoril do pagamento pela captação da água bruta dos
rios. Apenas as propriedades com até seis módulos fiscais –
cerca de 140 hectares – estarão isentas do pagamento quando
a cobrança for iniciada.
O Ipaguas será responsável pela cobrança
do consumo de água de grandes indústrias, agricultores, companhias
energéticas e de saneamento.
Na justificativa ao veto, publicado no
Diário Oficial do dia 13 de outubro, o governo afirma que a
redação aprovada pela “Assembleia Legislativa amplia de modo
injustificado a isenção da cobrança pelo uso da água, criando
assim, visível desigualdade”.
A redação da legislação que prevê a cobrança
do uso de água das nascentes e rios pelos produtores rurais
é diferente da enviada pelo Executivo ao Legislativo no anteprojeto
de lei que previa a criação do Ipaguas. Pelo texto original,
ficavam isentos da cobrança os produtores que fizessem um uso
“insignificante” da água.
A proposta, porém, não quantificava
o que seria considerado insignificante. Essa definição seria
feita posteriormente, na regulamentação da lei, por meio de
um decreto.
A alteração do artigo foi motivo de muita
discussão na Assembleia. Primeiro, o deputado Reni Pereira
(PSB) apresentou uma emenda na Comissão de Finanças para tornar
isentos de cobrança os pequenos produtores rurais, agropecuários
e piscicultores. Depois, a emenda foi alterada na Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) pelo líder do governo, deputado
Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), e a isenção foi estendida
aos médios e grandes agricultores, desde que as atividades
das propriedades ficassem restritas à produção agropecuária
e silvipastoril.
Ainda na justificativa ao veto, o governador
ressalta que a nova redação da lei era “ainda mais gravosa
que a redação atual do parágrafo único do artigo 53 da Lei
nº 12.726, a qual atinge apenas as captações destinadas à produção
agropecuária, e não a atividade silvipastoril e os lançamentos
de afluentes”.
Derrubada
Como a emenda ao projeto estendendo a
isenção para todos os produtores rurais foi apresentada pelos
próprios deputados, a Assembleia Legislativa deve confrontar
a decisão do governador. “Como conduzi essa discussão, vou
encaminhar pela derrubada da veto”, adiantou o líder do governo,
Luiz Cláudio Romanelli. Segundo ele, a isenção total
das propriedades rurais atende ao interesse público.
O relator do projeto, Reni Pereira, disse
ter ficado surpreso com o veto, embora a intenção inicial do
governo tenha sido a cobrança. “Acredito que não se justifica
cobrar dos agricultores. Não tenho nenhuma dúvida de que o
veto será derrubado”, prevê.
fonte: Gazeta do Povo. |