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Campanha defende licença-paternidade de 15 dias

Publicado em 04/11/2008 | Agência Estado

São Paulo - Como a mãe de primeira viagem ainda se recuperava da cesariana, coube ao pai a tarefa de dar o primeiro banho de Natália. Durante cinco dias, o trabalho doméstico também foi todo dele. O motorista Fernando Alexandro Jurado, de 37 anos, teria feito mais não fosse a necessidade de voltar a trabalhar. Ele é um dos homens que defendem a ampliação da licença-paternidade, como pretende a campanha “Dá Licença, Eu Sou Pai!”, que será lançada hoje em São Paulo.

A iniciativa é da Rede de Homens Pela Eqüidade de Gênero – formada por organizações sociais de defesa dos direitos humanos – e tem o objetivo de provocar a discussão do assunto. Atualmente, pelo menos dois projetos de lei tramitam na Câmara e no Senado pedindo a ampliação dos atuais 5 dias de licença para pelo menos 15 dias. “Os homens também querem se envolver mais com os cuidados dos filhos”, afirma a socióloga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Sandra Unbehaum.

Jurado é um exemplo disso. Ele sabe que nem todo homem pensa como ele, mas conhece pelo menos um amigo que também se dedicou integralmente aos cuidados do filho recém-nascido. “Ele é como uma mãe para a Natália”, garante sua mulher, Íria Machiniski.

O motorista não esconde a satisfação de assumir esse papel. “A Íria teve complicações após o parto e passou quatro dias internada para se recuperar. Ela parou, mas a casa continuou funcionando”, diz. Mesmo assim, diz ter ficado agoniado por ter de voltar ao trabalho e não poder ficar em casa acompanhando a filha. “Seriam necessários pelo menos 15 dias”, diz.

Ele não é o único a pensar assim. Um levantamento realizado no Recife neste ano, pela Universidade Federal de Pernambuco e Instituto Papai, demonstra que os homens querem a ampliação do período de licença-paternidade. Para 78% dos entrevistados, os cinco dias são insuficientes. “Essa pesquisa levanta a questão sobre o que o homem faria se tivesse esse período ampliado”, diz Jorge Lyra, coordenador do Instituto Papai. A resposta dada pelos homens contrapõe o senso comum de que a maioria desperdiçaria esse tempo com o descanso e deixaria a tarefa de cuidar dos filhos continuar a cargo da mulher (veja box).

O desconhecimento dos trabalhadores, porém, ainda é grande. A mesma pesquisa revela que 76% dos homens ouvidos conhecem a licença-maternidade, mas apenas 66% sabem sobre a paternidade.

“A campanha é para provocar o debate e reforçar a importância dos projetos de mudança na lei”, diz Sandra. “Ainda existem questões a serem resolvidas, como quem vai custear essa licença maior, a empresa ou a Previdência? Mas, sempre há um meio termo.”

Para alguns funcionários públicos, isso já é realidade. Na própria Fundação Carlos Chagas, onde Sandra trabalha, os homens têm o direito garantido. O “meio termo” encontrado foi, além dos cinco dias, conceder outros 15 dias livres por meio período. Os funcionários públicos do Rio e de Pernambuco também têm o mesmo período de licença. Os 15 dias, no entanto, são integrais.

Papel materno

Segundo a psiquiatra infantil e coordenadora do Centro de Referência da Infância e Adolescência (Cria) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Vera Zimmermann, a presença paterna nos primeiros meses de vida de uma criança ajuda o fortalecimento da saúde mental do recém-nascido.

 

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TRT (Tribunal Regional do Trabalho)
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