Governo
negocia fim de projetos que reajustam benefícios previdenciários
Em troca do arquivamento, o Executivo acena
com a concessão, no ano que vem, de um reajuste real (acima da
inflação acumulada em 2009) para os aposentados do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) que ganham mais que um salário
mínimo.
Hoje, eles têm os benefícios atualizados apenas
pelo INPC.
A proposta ainda inclui a formação de uma
mesa de negociação que trate de novas concessões a partir de
2011 para essa faixa de segurados do INSS.
Foi ainda sinalizada a manutenção por mais
tempo da política atual de reajuste real do valor do mínimo que,
desde 2006, tem sido corrigido por uma fórmula que leva em conta
a inflação acumulada no ano anterior somada ao crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
Essa política acabará no ano que vem.
O conjunto de ações, denominado informalmente
de "pacote Previdência", seria a moeda de troca para encerrar a tramitação de três projetos que preocupam
o Governo pelo alto potencial de elevar as despesas públicas:
o que extingue o fator previdenciário (PL 3.299/08) (mecanismo
redutor aplicado no cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição);
o que vincula o reajuste anual de todos os benefícios previdenciários
à política de aumento real do salário-mínimo (emenda ao PL 1/07);
e o que corrige o valor atual das aposentadorias e pensões, recuperando
a sua equivalência em números de salários-mínimos existente no
momento em que foram concedidos (PL 4.434/08).
Há ainda na pauta do Congresso um veto do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva à correção real de todos
os benefícios, aprovada pelo Legislativo em 2006.
O Governo não quer medidas isoladas, quer
negociar tudo em um pacote de ações para liquidar o assunto.
Oficialmente, o Governo evita comentar os
movimentos que vem fazendo.
O ministro da Previdência Social, José Pimentel,
desconversou quando questionado sobre as negociações, mas não
negou as intenções do Governo.
"No Estado democrático de direito
se discute sempre, mas não há posição fechada", afirmou.
Ele disse, no entanto, que não trabalha com
a previsão de conceder reajustes reais aos benefícios maiores
do que o salário mínimo, admitindo, porém, que isso é tema de
negociações no Congresso.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo,
declarou-se contrário ao aumento real dos benefícios dos aposentados
que recebem valores maiores, mas não quis falar sobre as negociações
em torno dos projetos em tramitação na Câmara dos Deputados.
"Isso está sendo tratado dentro
do Congresso. Foram feitos contatos com os ministérios da Fazenda
e da Previdência, mas eu não estava", disse.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência,
Luiz Dulci, que também está à frente das negociações, deve voltar
a falar com as centrais sindicais nos próximos dias.
Para os sindicalistas, essa é a oportunidade
de alcançar uma antiga reivindicação, que é a recuperação dos
valores das aposentadorias e pensões.
"Precisamos inaugurar essa fase
de aumentos reais para quem ganha acima do mínimo", disse o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP).
Na Câmara, as discussões envolvem também o
líder do Governo, deputado Henrique Fontana (PT/RS), e o relator
do projeto de lei que extingue o fator previdenciário, Pepe Vargas
(PT/RS).
Fonte: Agência Estado
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