Economia
aquecida, salários maiores; superiores à inflação em até 4%
Trabalhadores com data-base de reajuste
em janeiro e fevereiro fizeram acordos salariais melhores do
que os do ano passado, com ganhos superiores à inflação em
até 4%. Esse é um dos resultados do aquecimento da economia.
Em 2006, 86% dos acordos estabeleceram
reajustes superiores à inflação, porcentual que chegou a 88%,
em 2007, e declinou para 78%, em 2008, com a crise global.
Em 2009 a maior parte dos acordos apenas preservou os salários
reais.
Até agora, em 2010, foram poucos os acordos
e não envolveram as categorias maiores, como metalúrgicos do
ABC e bancários. Mas o ambiente de negociação é favorável,
disse ao jornal Valor o diretor do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.
"Trabalhamos com perspectiva
de crescimento econômico de 5% a 6% neste ano, e isso eleva
a disputa por mão de obra, pressionando os salários"
Os empregados da construção civil na Bahia
obtiveram reajuste de 8% - quase o dobro da inflação de 4,11%.
Com a demanda aquecida e o crédito farto, o setor imobiliário
liderou o emprego formal (+11,3%, em 12 meses).
O crescimento disseminou-se, beneficiando
mais regiões e setores, alcançando indústrias têxteis, calçadistas,
de móveis e de cerâmicas e segmentos do comércio. Os comerciários
do Ceará tiveram aumento nominal de 7,75%. O piso foi de R$
465 para R$ 560, acima do mínimo de R$ 510.
Também foram favoráveis os acordos no
segmento de artefatos de couro de Franca (SP), na indústria
de cerâmica, construção civil e fibrocimentos da região de
Criciúma e da área têxtil de Joinville, em Santa Catarina (SC).
Em alguns casos, a melhora salarial beneficiou
os recém-admitidos, que começam a trabalhar com vencimentos
iguais ao daqueles que já ultrapassaram o período de experiência.
Em Jaraguá do Sul (SC), 18 mil metalúrgicos
terão reajuste de 6%, com ganho real de 1,89 ponto porcentual,
acima do ganho real de 2009, de 1,67 ponto porcentual.
Essa é uma região onde se localizam grandes
empresas, com atuação local e internacional, o que mostra que
mesmo exportadores conseguem aumentar a produtividade e fazer
concessões salariais.
A recuperação beneficiou setores que enfrentaram
grandes dificuldades, como o calçadista e o moveleiro.
Em Sapiranga (RS), os calçadistas obtiveram
aumento real de 1,72%, acima do 0,98% do ano passado. E em
Bento Gonçalves os trabalhadores do setor moveleiro terão reajuste
de 5,75%, com ganho real de 1,33 ponto porcentual.
Fonte: O Estado de S.Paulo
|