Terceirização no setor elétrico precariza mão-de-obra e mata um a cada 14 dias
Mais da metade da força de trabalho
do setor elétrico do país é terceirizada, e a incidência
de mortes no trabalho para os terceirizados supera em três
vezes a de trabalhadores próprios. Os dados são de um estudo
realizado pelo DIEESE como base nos dados da Fundação Coge,
uma entidade que reúne 64 empresas responsáveis por 90%
da energia produzida no país.
Em Minas Gerais duas ações coletivas
foram ajuizadas para coibir a terceirização na Cemig. Em
2003 o Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação
civil pública, que foi julgada procedente em primeira e
segunda instância, mas que, atualmente, aguarda decisão
do Tribunal Superior do Trabalho, explica a procuradora
do Trabalho Maria Helena Guthier.
A Federação dos Trabalhadores
nas Indústrias Urbanas do Estado de Minas Gerais ajuizou
uma outra ação e obteve decisão favorável no Tribunal Regional
do Trabalho em Belo Horizonte. A diferença entre as duas
ações é que o pedido do MPT é mais abrangente, implicando
em medidas para prevenção dos riscos no trabalho. E quanto
à terceirização, o MPT pede que um percentual maior de
trabalhadores seja contratado diretamente pela empresa,
discriminando inclusive os setores onde não há qualquer
possibilidade de terceirização, ressalta Maria Helena.
Segundo Argemiro Ferro, secretário
de saúde e segurança do trabalho do Sindieletro-MG, o número
em 2010 é de uma morte de terceirizado a cada 14 dias em
Minas Gerais. A maioria dos acidentes fatais ocorreu no
Norte e Leste de Minas, onde há maior precarização da mão-de-obra,
disse. Para o secretário, esses números refletem o processo
de terceirização iniciado na Cemig em 1999. Com isso, a
situação ficou mais complicada, porque esses trabalhadores
não passam pelo mesmo treinamento e reciclagem que os trabalhadores
próprios, explicou Argemiro.
Em 2008, a taxa de mortalidade
da força de trabalho do setor elétrico foi de 32,9 mortes
por grupo de 100 mil trabalhadores. Naquele ano, a análise
segmentada da força de trabalho revelou uma taxa de mortalidade
3,21 vezes superior entre os trabalhadores terceirizados
em relação ao verificado para o quadro próprio. A taxa
ficou em 47,5 para os terceirizados contra 14,8 para os
trabalhadores do quadro próprio das empresas.
Entre as conclusões do estudo
destacam-se o nível de terceirização do setor elétrico,
na casa dos 58,3% da força de trabalho, e o resultado obtido
com a apuração das taxas de mortalidade por acidente de
trabalho, que se mostraram substancialmente mais elevadas
entre os terceirizados do que as apuradas para o segmento
próprio.
Fonte: Jusbrasil